SEU ESTE, SEU AQUELE!
Ontem ia andando à porrada. Dito assim soa exactamente àquilo que quase foi: o descontrolo da imaturidade. Embora menos divertido do que as memórias de infância.
Perguntam-me por quê? Se foi para defender a liberdade de expressão, ou para salvar das garras de um terrorista uma italiana indefesa (como se existissem...!)... Enfim, há-de ter sido por coisa de monta, isto de adultos quase chegarem a vias de facto. Mas não.
Foi por um lugar de estacionamento.
Depois de inúmeras voltas no parque de estacionamento de um centro comercial, vislumbrei um carro que saía. Fiz o que normalmente se faz: abri sinal e encostei à direita. Infelizmente, de frente chegou um outro carro. Que abriu sinal. Surpreendido fiz-lhe sinal que (como se vira) tinha chegado e que iria estacionar ali. Ele insistiu no pisca. E eu na pretensão. A fila de carros avolumava-se atrás de ambos. Mal o outro desencostou, cheguei-me à frente. Foi o tempo dos insultos que ali se instalou. Enlouquecido, aos gritos, o casal do outro lado berrava que aquele sítio "era deles"; que eu teria "manifestado a intenção breve de não me apetecer estacionar ali" (em tradução foi mais ou menos isto: "$#"/&&=/=(&()( na )(/()/&(/& desse lugar, mas como são todos uns P=/&/)/( e )(/(/&/%#"""!!#). O homem queria mesmo sangue. Eu só queria estacionar. As dezenas de carros que foram chegando e buzinavam furiosamente estavam mais viradas para ir procurar um lugar para eles. Foi este coro de buzinadelas que o levou a desistir. Sem ao menos ter podido trocar uns socos. Como se faz no buraco onde mora. Como se fazia na infância que lhe calhou. Como há-de fazer quando a gritadora que vai ao lado lhe berra aos ouvidos.
A violência não me amedronta, sempre que tenho razão. Mas surpreende-me. Parece-me que não há-de existir sobre aquela forma por lapidar.
Mas sou eu, que não vivo com os pés a 100% na terra.
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